quarta-feira, 15 de abril de 2009

Avó doméstica



Aleluia! Aleluia!
A Páscoa é uma das épocas festivas do ano com mais tradições na minha aldeia, (Tocha). Praticamente todas elas ainda resistem embora não vividas com tanta intensidade.
Ainda hoje o padre leva às casas dos seus paroquianos a cruz a beijar. Faz parte do ritual as pessoas visitarem-se neste dia, deambulando de casa em casa para retribuir os votos de uma boa Páscoa.
É um convívio fugaz, mas muito enraizado entre familiares, vizinhos e amigos mais próximos.

É também neste dia que os afilhados procuram os seus padrinhos para lhes pedir a bênção e o folar; o folar propriamente dito consta de um pão com ovos ou um bolo especial e um pacote de amêndoas. Há, todavia, uns padrinhos mais beneméritos que presenteiam os afilhados com mais algum acréscimo, mas o importante é relembrarem-se do papel relevante que podem, eventualmente, vir a desempenhar na ausência dos pais tendo, por isso, sido escolhidos criteriosamente e não só por razões afectivas.

É nesta altura do ano que, ainda hoje, muitas pessoas fazem as “limpezas grandes” das casas. Ainda tenho entranhada a tão agradável mistura de odores vividos nesses dias – o cheirinho da cera do chão, dos bolos que levavam horas a levedar (consoante a temperatura do ambiente e as “voltas” que se davam à massa), o perfume do alecrim e rosmaninho espalhados à entrada de casa (para dar luz verde ao padre); e a esta memória olfactiva, a não menos exuberante auditiva – o sino da igreja, os foguetes, a campainha que anunciava a chegada do padre!!!

Lá vão os tempos, em que as casas mais modestas (nos arredores da aldeia) só eram lavadas nesta data, único dia do ano em que a porta se abria especificamente ao “sr. prior”, sua comitiva, aos familiares e amigos (quanto mais não fosse este já era um motivo nobre para se festejar a Páscoa!); até se caiavam as paredes enegrecidas ao longo do ano pelo fumo das lareiras! ( era uma barrela a sério!)

Embora sem estes preciosismos, também andei mais envolvida, esta semana, nas lides caseiras, o que não me impediu de fazer este casaquito amarelo.
Já não consigo viver sem tricotar!
Apeteceu-me criar este conjunto de pontos que resultou neste miminho de tão fácil execução e com um efeito tão gracioso!!!

2 comentários:

Mãe da Naninha disse...

Venha de lá esse bom tempo para vestirmos casaquinho cor de sol

Mol disse...

Adorei a recordação da Tocha! E o casaquinho, claro, como já é habitual... Beijinhos