quarta-feira, 27 de julho de 2011

Avó contemplada









Finalmente parece ter chegado o Verão! O tempo está a aquecer e o malfadado vento está a perder forças... por quanto tempo nos irá ele dar tréguas?!
Foi a pensar nas manhãs e tardes mais frescas que idealizei esta saiinha de fio de algodão com motivos emblemáticos desta época para vestir por cima de uma camisa ou t-shirt branca ou em tons de azul.
É tempo de férias (para os mais afortunados)... é altura de nos alhearmos da vida do dia a dia, de nos deixarmos andar um pouco nas nuvens, ao sabor das águas... enfim, saborearmos o relaxe, a descontracção de alguns dias por poucos que eles sejam sem esquecermos, contudo, aqueles que por um ou outro motivo, este ano, (quiçá nunca) não foram contemplados com esta benesse tão necessária, merecida, retemperadora! Bom descanso e até Setembro... se Deus quiser...

domingo, 17 de julho de 2011

Avó desconcertada
















Fomos colegas no liceu. Tínhamos, então, uns treze anos - ela sobressaía de toda a turma pela sua estatura, mais alta, mais mulherzinha do que todas nós. De tez clara, a sua face era seda branca envolvida por uns cabelos pretos e brilhantes, sempre de sorriso estampado mesmo que as notas não correspondessem ao esforço empreendido. Estava de bem com a vida, tudo fazia parecer que tinha sido bafejada pela sorte, pela felicidade, que vivia a melhor das maravilhas. Fomo-nos conhecendo melhor ao longo do ano, tornámo-nos amigas... confidenciou-me que era órfã de pai e que não tinha irmãos. A sua família era apenas e só a sua mãe.
Aos dezassete anos, com o liceu terminado, cada uma seguiu o seu curso, a sua vida e, apesar de vivermos na mesma cidade, nunca mais nos tínhamos tornado a ver..
Quis o acaso que nos reencontrássemos muitos anos mais tarde... estava um dia a receber encarregados de educação quando sou surpreendida por uma mãe orgulhosíssima do seu filho ( e bem razões tinha para o ser) ... caímos nos braços uma da outra. Só tinha boas informações para lhe transmitir... o comportamento, o aproveitamento, a relação com os colegas, a sua simpatia ... era um menino de ouro... mas, tal como a mãe, único filho e tinha perdido precocemnete o pai.
Dada a conjuntura circunstancial, esse ano foi farto de reuniões, troca de conversas...
Seguiu-se mais uma década sem sombra nem rasto de qualquer uma de nós...
Um dia... indo ao volante do meu carro apercebi-me que a minha amiga ia a pé na rua... parei o carro... corri ao seu encontro... os seus cabelos já eram cinzentos, o seu sorriso ao ver-me foi discreto, cerimonioso, forçado... fiquei desconcertada e só o percebi quando, lavada em lágrimas me contou que também já tinha perdido o filho. Situação simplesmente comovente, trágica, dramática!
Vivia, (vegetava) com e para a mãe a quem prestava assistência, a sua primeira e última companhia.
E o tempo foi caminhando...


Há dias, num encontro de Vicentinas, deparo-me com uma senhora de cabelos completamente brancos da cor da sua pele, com um sorriso constrangido, parecida com a minha amiga. Era ela... vive sózinha mas não está só, vive para os necessitados... são eles a razão do seu viver... deambula pelas ruas da cidade descarregando energias, angústias, procurando desesperadamente sossego anímico, já que, como ela diz, os químicos aliviam momentaneamente mas... o remédio?... esse só mesmo "cortando a raiz ao pensamento".
Prometi-lhe a ela e a mim própria que nunca mais nos iríamos perder de vista.
Quem sabe se lhe vou conseguir incutir o gosto pelo tricô e, como Vicentinas que somos, ainda iremos fazer muitos casaquinhos como estes para bebés de famílias mais carenciadas?


São as famosas rosinhas de Portugal - um ponto muito feminino, com efeito muito especial como as fotos pretendem demonstrar. Difícil? de todo - do lado direito sempre liga; do avesso matam-se 3 malhas e na seguinte repomo-las; como? na mesma malha fazemos 1 meia, 1 liga, outra meia e assim sucessivamente. Na carreira seguinte, do avesso, desencontramos as malhas - em cima da malha onde matámos as 3, fazemos 3 malhas e matamos as 3 seguintes. Muito fácil mas requer atenção... se nos enganamos, o desmanchar torna-se trabalhoso... cuidado e boa experiência!