domingo, 17 de julho de 2011

Avó desconcertada
















Fomos colegas no liceu. Tínhamos, então, uns treze anos - ela sobressaía de toda a turma pela sua estatura, mais alta, mais mulherzinha do que todas nós. De tez clara, a sua face era seda branca envolvida por uns cabelos pretos e brilhantes, sempre de sorriso estampado mesmo que as notas não correspondessem ao esforço empreendido. Estava de bem com a vida, tudo fazia parecer que tinha sido bafejada pela sorte, pela felicidade, que vivia a melhor das maravilhas. Fomo-nos conhecendo melhor ao longo do ano, tornámo-nos amigas... confidenciou-me que era órfã de pai e que não tinha irmãos. A sua família era apenas e só a sua mãe.
Aos dezassete anos, com o liceu terminado, cada uma seguiu o seu curso, a sua vida e, apesar de vivermos na mesma cidade, nunca mais nos tínhamos tornado a ver..
Quis o acaso que nos reencontrássemos muitos anos mais tarde... estava um dia a receber encarregados de educação quando sou surpreendida por uma mãe orgulhosíssima do seu filho ( e bem razões tinha para o ser) ... caímos nos braços uma da outra. Só tinha boas informações para lhe transmitir... o comportamento, o aproveitamento, a relação com os colegas, a sua simpatia ... era um menino de ouro... mas, tal como a mãe, único filho e tinha perdido precocemnete o pai.
Dada a conjuntura circunstancial, esse ano foi farto de reuniões, troca de conversas...
Seguiu-se mais uma década sem sombra nem rasto de qualquer uma de nós...
Um dia... indo ao volante do meu carro apercebi-me que a minha amiga ia a pé na rua... parei o carro... corri ao seu encontro... os seus cabelos já eram cinzentos, o seu sorriso ao ver-me foi discreto, cerimonioso, forçado... fiquei desconcertada e só o percebi quando, lavada em lágrimas me contou que também já tinha perdido o filho. Situação simplesmente comovente, trágica, dramática!
Vivia, (vegetava) com e para a mãe a quem prestava assistência, a sua primeira e última companhia.
E o tempo foi caminhando...


Há dias, num encontro de Vicentinas, deparo-me com uma senhora de cabelos completamente brancos da cor da sua pele, com um sorriso constrangido, parecida com a minha amiga. Era ela... vive sózinha mas não está só, vive para os necessitados... são eles a razão do seu viver... deambula pelas ruas da cidade descarregando energias, angústias, procurando desesperadamente sossego anímico, já que, como ela diz, os químicos aliviam momentaneamente mas... o remédio?... esse só mesmo "cortando a raiz ao pensamento".
Prometi-lhe a ela e a mim própria que nunca mais nos iríamos perder de vista.
Quem sabe se lhe vou conseguir incutir o gosto pelo tricô e, como Vicentinas que somos, ainda iremos fazer muitos casaquinhos como estes para bebés de famílias mais carenciadas?


São as famosas rosinhas de Portugal - um ponto muito feminino, com efeito muito especial como as fotos pretendem demonstrar. Difícil? de todo - do lado direito sempre liga; do avesso matam-se 3 malhas e na seguinte repomo-las; como? na mesma malha fazemos 1 meia, 1 liga, outra meia e assim sucessivamente. Na carreira seguinte, do avesso, desencontramos as malhas - em cima da malha onde matámos as 3, fazemos 3 malhas e matamos as 3 seguintes. Muito fácil mas requer atenção... se nos enganamos, o desmanchar torna-se trabalhoso... cuidado e boa experiência!















1 comentário:

filha orgulhosa disse...

TU és a Rosinha mais linda deste Portugal! Amo-te mummy!